Toda hipótese posta deve ser passível de expor-se à testes.
Estes testes são formas pelas quais se verificam se a hipótese será corroborada ou não.
O grande pensador Jhon Stwart Mill pensou em cinco formas de relacionamento de variáveis, que constituem esquemas lógicos, pelos quais é possível verificar uma hipótese.
São os denominados cinco cânones, chamados de: método da concordância, método da diferença ou plano clássico, método do conjunto de concordância e diferença e método da variação concomitante.
Em síntese, o método da concordância afirma que, quando, situações diferentes causam o mesmo fenômeno, o elemento comum destas situações, ou seja, a variável comum, é o que causa o efeito.
É possível imaginar um exemplo no qual seriam analisados casos de tuberculose em duas fábricas diferentes, no caso cada fábrica é considerada como uma circunstância.
Na primeira fábrica (circunstância) foi constatada a presença de poeira no ambiente, a falta de higiene dos funcionários e a subnutrição dos funcionários.
Na segunda fábrica (circunstância) foi observada a existência de pressão da chefia, a presença de fumaça do lugar e a subnutrição dos funcionários.
Deste modo, o elemento presente nas duas fábricas (circunstâncias) é a subnutrição, condição que por este método seria indicada com a causa da tuberculose.
O esquema lógico do método da diferença ou plano clássico afirma que em circunstâncias diferentes, em que uma se apresenta um fenômeno e na outra não se apresenta, o que explica essa divergência é a diferença verificada dos elementos que compõe as circunstâncias verificadas, ou seja, a diferença verificada das variáveis que compõe estas circunstâncias.
Para exemplificar, imagine duas pessoas, com hábitos muito semelhantes, como sendo duas circunstâncias distintas.
A primeira pratica exercícios físicos, vai ao médico regulamente, consome açúcar e tem diabetes.
A segunda pratica exercícios físicos, vai ao médico regulamente, não consome açúcar e não tem diabetes.
Então, por este esquema lógico, a diferença no hábito de consumir açúcar seria o responsável por causar o efeito diabetes.
Outro esquema lógico é o método da concordância e da diferença. Neste esquema comparam-se duas ou mais situações, que resultam em um mesmo fenômeno, composta por elementos (variáveis) diferentes, exceto um destes elementos, que se repete, e que é considerado a causa do fenômeno. Também se comparam outras situações, que não resultam no fenômeno, composta por elementos (variáveis) diferentes e com a ausência da variável considerada como a causadora do fenômeno no conjunto anterior.
Novamente um exemplo ajudará a compreensão.
Imagine dois carros, como se fossem duas circunstâncias.
No primeiro carro estão presentes os elementos câmbio funcionando, combustível no tanque e velas desgastadas. No segundo carro estão presentes os elementos motor frio, pneus calibrados e velas desgastadas. Nos dois casos os carros apresentam o fenômeno de pequenos solavancos ao acelerar. Então, parece que as velas desgastadas podem estar associadas ao fenômeno.
Em outros dois carros estão presentes, no primeiro, a ignição desgastada, o motor desgastado e as velas novas. No segundo, estão presentes freio ABS, direção hidráulica e velas novas. Nestes dois casos os carros não apresentam o fenômeno de pequenos solavancos ao acelerar. Então, isto parece confirmar que as velas desgastadas podem estar associadas ao fenômeno.
Pelo método dos resíduos é possível deduzir a existência de uma causa desconhecida a partir de causas conhecidas.
Um exemplo para ilustrar é o caso da descoberta do planeta Netuno. Pelo conhecimento da Física e dos movimentos dos planetas não era possível explicar totalmente o movimento do planeta Urano. Esse resíduo, entre o conhecimento existente e o movimento de Urano, somente seria explicável se houvesse mais um planeta após ele. Isso levou à dedução que haveria um planeta após Urano, o planeta Netuno.
O último esquema lógico entre estes oferecidos por Mill é o método da variação concomitante que postula ser inviável excluir certos elementos em algumas circunstâncias, sendo necessário faze-los variar para verificar a variação de seus efeitos.
Um exemplo disto é o caso da publicidade, no qual um comerciante pode aferir a correlação direta entre aumento ou diminuição da publicidade e o aumento ou diminuição que se seguem às vendas.
Bem, existem variantes destes esquemas lógicos e aqui somente se quis informar a existência destes recursos que são úteis na aferição das hipóteses.
Até a próxima.