Olá pessoal, vamos dar início à uma série de sete postagens sobre metodologia científica, todas embasadas e adaptadas do livro Metodologia Científica de Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi, publicado pela Editora Atlas, em 2011.
Ao final das sete postagens eu espero que cada um tenha desenvolvido uma base inicial para edificar a estrutura necessária para comportar esta construção magistral que é a produção de conhecimento científico.
Hoje vamos falar sobre CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO.
Existem vários tipos de conhecimentos diferentes, sendo o conhecimento científico um deles, que convive com o conhecimento chamado de popular, que também é chamado por alguns de vulgar, comum, coloquial e outras nomenclaturas. Além destes também podemos destacar o conhecimento filosófico e o religioso.
Um mesmo fenômeno pode ser objeto de observação destas quatro perspectivas diferentes.
Não há conhecimento superior ou inferior, mas há uma diferença na complexidade da forma de aquisição.
Então, a forma de aquisição do conhecimento científico é uma das principais diferenças entre este tipo de conhecimento e os demais.
O conhecimento científico se debruça sobre fatos, ainda que sejam somente de ordem lógica. O conhecimento científico é contingente, ou seja, suas hipóteses necessitam de verificação.
Ele é sistemático, por seguir uma ordem de procedimentos previamente definidos.
Também um conhecimento verificável, e por esse motivo as hipóteses que não são sujeitas a testes não são consideradas científicas. É um conhecimento falível, ou seja, não é definitivo, e é aproximadamente exato, o que permite a reformulação e aprimoramento do acervo científico.
Várias foram as tentativas de conceituar CIÊNCIA e alguns termos são comuns nestas tentativas, o que nos inspira a seguir algumas pistas, como por exemplo: a ciência se relaciona com o pensamento racional, objetivo, lógico, confiável, que tem como particularidade o ser sistemático, aproximadamente exato, falível e não definitivo.
A Ciência possui natureza dúplice. Por um lado possui dimensão compreensiva, o que nos ajuda a compreender os fenômenos sob exame, e por outro lado possui dimensão metodológica, por possuir engrenagens próprias para seu funcionamento.
A Ciência também possui três componentes ontológicos, eles são: o objetivo ou finalidade, que impulsiona a necessidade de compreensão dos fenômenos e extração das leis e teorias que lhes são inerentes.
O segundo componente é a função, que direciona a ciência rumo ao aperfeiçoamento constante e o último componente são os objetos, divididos em objetos materiais e objetos formais.
Os objetos materiais são os fenômenos que especificamente se quer estudar, como por exemplo, quando se quer estudar uma pedra, um animal, uma planta, uma relação social e etc.
O objeto formal é a interface científica que será utilizada para determinada pesquisa, quando mais de uma é possível. Por exemplo, o ser humano pode ser objeto de estudo e por isso, um objeto material, que pode ser estudado por interfaces científicas diferentes, como por exemplo a antropologia, psicologia, medicina, direito e outros.
Um ponto importante a entender é que todo conhecimento é classificável e a ciência também se inclui nisto.
Vários estudiosos tentaram classificar a ciência utilizando dois critérios diferentes: o critério da complexidade e o critério do conteúdo, mas estas classificações e divisões trazem muitas divergências.
Por este motivo o nosso livro de referência propõe a divisão da ciência dois principais ramos ou classificações: as ciências formais e as ciências factuais.
A primeira classificação, a das ciências formais, englobam os conhecimentos produzidos e desenvolvidos por operações racionais, em um nível muito mais profundo e exclusivo de abstração, como por exemplo: a álgebra e a geometria.
A segunda classificação, a das ciências factuais, como o nome sugere, sem dispensar a racionalidade, se preocupa com os fatos observáveis, sejam eles fenômenos naturais, como os fenômenos físicos, químicos ou biológico ou sejam fenômenos sociais, como no campo do Direito, da Economia, da Sociologia entre outros.
Entre as ciências formais e factuais as diferenças são perceptíveis.
O objeto das ciências formais são enunciados, enquanto que o objeto nas ciências factuais é empírico, ou seja, resulta de observação e experimentação.
Por este motivo o método de prova é diferente. As ciências formais se contentam com a lógica enquanto que as ciências factuais necessitam da observação de experimentação.
Por consequência as ciências formais demonstram ou provam. Por exemplo: A hipótese matemática de que o quadrado da hipotenusa é a soma dos quadrados dos catetos pode ser comprovada.
Enquanto isto as ciências factuais não provam hipóteses, elas verificam se a proposição foi ou não corroborada pelos procedimentos científicos adotados.
Lembrem-se quantas vezes uma hipótese científica foi corroborada e alardeada para em alguns anos depois ser completamente substituída por outra.
Lembrem-se quantas vezes coisas como ovo, café e corrida se revezaram na qualidade heróis e vilões da saúde.
A evolução do conhecimento científico contribuiu para o atual status do mundo e ao lado dele os demais conhecimentos também contribuíram. Por vezes o conhecimento científico recebe matéria prima do conhecimento popular, filosófico e religioso e por outras vezes ele fornece, em uma simbiose útil e necessária para o avanço da humanidade. Até o próximo post.